quinta-feira, 29 de julho de 2010



Perceber com sutileza como as pessoas se igualam aos produtos. Consegui fazer isso hoje.
Repare como as pessoas querem ser bonitas, únicas, atraentes e melhores. E repare também que elas sempre acabam ficando iguais as outras. Mesmo que essas pessoas tenham qualidades melhores que as outras.
Tudo não passa de uma prateleira de supermercado.
Queremos sempre as melhores marcas, mas nem sempre podemos pagar por elas.
O mesmo acontece com as pessoas. Queremos sempre as melhores. Ou as melhores pra nós. Mas às vezes não podemos pagar por elas. Não que elas tenham um preço baseado em dinheiro. Mas todas as pessoas possuem algum tipo de valor, preço.
E por isso, nós sempre nos "contentamos" com as pessoas que estão acessíveis pra nós. E nem sempre essas pessoas suprem as nossas necessidades. Assim, nós esperamos pela oportunidade de trocar a tal pessoa, por uma melhor, de uma marca superior. E quando isso acontece, automaticamente dispensamos aquela pessoa "inferior" como se realmente, ela fosse apenas um produto.
Nem sempre nos importamos com o verdadeiro conteúdo, e sim, com a propaganda, com a embalagem. As embalagens mais bonitas, mais bem feitas e charmosas, são sempre as dos produtos mais caros. Assim, nos iludimos com o conteúdo. E mal olhamos pras pessoas "inferiores", mesmo que estas, possuam algo melhor para nos oferecer.
A embalagem sempre valeu mais do que o conteúdo, vemos isso em todo lugar. Mas temos de levar em conta que isso também pode enganar. Nem toda embalagem bonita traz bom conteúdo. Assim como nem toda embalagem feia traz conteúdo ruim.
Temos de escolher da melhor forma, não pensando somente nas qualidades, até porque nem um produto da prateleira de um supermercado consegue ser completamente perfeito.
Se adequar aos defeitos, as faltas e aos erros é melhor do que perder a cabeça por conta deles. E é melhor também do que jogar o produto fora, caindo na ilusão de que um dia você achará um produto perfeito.
Basta saber escolher, se adaptar, sem criar muitas dívidas por querem alguém com maiores qualidades, porque essas pessoas acabam por serem todas iguais, morando numa prateleira.

4 comentários:

Rodrigo Vignoli disse...

As pessoas se deixam serem embaladas. Em embrulhos de formatos não tão variados, com papéis de presente muito parecidos entre si e sempre com um laço pomposo sobre a cabeça, digo, sobre a caixa.
E, ao contrário de presentes, elas não se dão, mas se vendem visando o benefício próprio, claro.

Gostei do texto. É interessante repararmos que mesmo com essa consciência, mesmo que visássemos diminuir esta relação, ainda somos vistos como produtos e, talvez, por este pensamento, na prateleira mais alta. =]

carriel disse...

@Rodrigo É verdade.
Obrigada, beijo! ;)

Felipe disse...

Mais um belo texto, moça.

Mas não sou tão apocaliptico assim.

Acho que cada somos produtos perfeitos. Os únicos capazes de mudar as funções depois de comprado.

Mas a reflexão é boa.

bjsss.

Débora Cissoto disse...

Muita superficialidade e egoísmo. É só isso o que vejo nas pessoas.
Produtos que compram produtos. Ciclo vicioso e sem fim.
Generalizando, claro.

Seus textos me lembram colunas dos jornais de domingo. haha

Beijo.