segunda-feira, 27 de setembro de 2010


Costumava se apaixonar com facilidade, não retinha sentimentos. Além da facilidade de se apaixonar, também tinha aquela facilidade de expôr aquilo que sentia. Sabia, lá no fundo, que os sentimentos que possuía, não eram dela, e sim, daqueles que tinham o despertado. Também sabia, que se apaixonar era algo incontrolável, tão incontrolável quanto estar em cima de uma bicicleta sem freios, numa ladeira. E sabia também, que a única forma de parar a bicicleta, era caindo e consequentemente se machucando. E em todas as vezes que se apaixonou caiu e se machucou, por conta disso, carregava em seus joelhos muitas marcas de paixões passadas. Por saber o que as paixões lhe causavam, decidiu então, se fechar, e reter para ela, aquilo que sentia pelos outros. Viveu assim durante um tempo. Até que encontrou uma pessoa aparentemente diferente daquelas que já tinham lhe ferido os joelhos.
Como quem aprende a andar de bicicleta, nunca mais esquece, ela também não havia se esquecido de como se apaixonava, e se apaixonou. Aquela paixão foi uma das mais duradouras, em cima daquela bicicleta viajou por muitos e muitos kilometros. Conheceu lugares, experimentou novos sentimentos, e se alimentou de novos horizontes, mesmo apertando os freios. Como tudo aquilo era bom, decidiu então, largar dos freios e se esquecer das cicatrizes nos joelhos. Aí, pode sentir a liberdade de querer -e poder- voar ao lado de alguém, mesmo sabendo que os pés estavam nos pedais, e as mãos, guiando. Até que se deparou com uma vontade de amor maior, pois aquilo já não satisfazia mais seus desejos de se entregar. Abraçou então, a sorte na beira de uma ladeira, e sorriu. Já sem poder guiar, caiu e viu mais uma vez seus joelhos machucados, reparou que ali não havia mais ninguém que pudesse cuidar de seus ferimentos, pois a paixão, antes da bicicleta cair, pulou e correu para um outro alguém. Por não querer se apaixonar, e por não se controlar, decidiu que daquele dia em diante, usaria joelheiras.


Beijo pro Victor. :)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

E eu já havia vomitado qualquer tipo de sentimento que habitava em mim.
Pode até parecer mais um desses dramas idiotas que todo mundo está acostumado a ver, ler, ou até mesmo ouvir, mas não é, até porque eu sempre odiei qualquer tipo de drama, principalmente quando eles são lançados pra cima de mim. Enfim, sempre me perco no assunto, mas voltando lá... Não é drama, é porque eu ainda mantinha em mim, algumas feridas sentimentais abertas e vivas, e sei que elas só estavam ainda em mim, porque eu permitia tais dores. E como eu podia permitir, eu podia também me arrepender de ter permitido, e parar de sentir aquilo que eu deixava me machucar. Consegui. Me livrei de tudo aquilo que me fez mal por um longo tempo. Posso dizer que foi até uma libertação, uma cura. Cura de um câncer que me fazia ficar mal. Câncer no coração, nos olhos. Câncer este, que me cegou, e que hoje, me fez enxergar que nem todos são malígnos. Por um certo tempo, também senti essa liberdade que em mim, soava como desprezo por muitas pessoas que no fundo, não eram malígnas e não queriam me machucar. Mas o meu medo sempre foi maior. Medo de me perder de novo, de não sentir mais o orgulho que em mim sempre foi tão forte, medo de não conseguir acreditar, e se acreditar, perder o controle. A razão falava mais alto, o coração não tinha mais voz pra gritar que eu só queria alguém que cuidasse de mim, da minha instabilidade, das minhas emoções conturbadas. E não tive mais isso. Medo de me entregar, me machucar, me doer. Por esses medos, me mantive sozinha, com a solidão como melhor - e pior - companhia. E assim foi... Até que um certo dia, dia em qual eu não consegui mais colocar a razão mais acima que o coração, e nesse dia, dia fatídico, troquei olhares com alguém que só pelo fato de me olhar de longe, bem de longe, fez com que eu perdesse todo esse medo. Me transmitia segurança, mesmo que eu não a conhecesse, me transmitia também, paz. Uma paz assim, louca, uma paz um tanto quanto inexplicável. Paz essa, que há tempos não reinava em meio à guerra dos meus problemas. E eu, eu, eu, que sempre gostei do caos, que sempre fui um caos, que nunca até então tinha tentado me controlar ao lado de alguém, e que só consegui isso quando me senti sozinha e percebi que se não me controlasse e não me mantesse em pé pelas minhas forças, ninguém me manteria...
Alí, senti como se eu pudesse realmente me controlar, estando ou não sozinha. Tudo o que eu havia perdido em meio à essa guerra, em meio à esses caminhos longos, estreitos e instáveis,voltaram pra mim em menos de 2 minutos. É incrível, inacreditável, impressionante, mas é. SÓ É! Não quero mais nada, não quero ter medo, não quero me perder, quero só me encontrar, e quero só que seja. E eu sei que vai ser.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010


Por quanto tempo ainda terei de fingir que aqui é mesmo o meu lugar?
Quantos caminhos eu terei de deixar passar? E quantas oportunidades irei perder? Já vi várias pessoas me dando as costas, e conheci os dois lados da moeda. Ódio, amor, saudade. A despedida é dolorosa quando a gente quer mesmo é entrar no mesmo trem e partir junto. Me despeço fingindo que um dia ele irá voltar, e me despeço fingindo que ainda volto para te encontrar. Esse aqui não é o meu lar. Nem tampouco o lugar onde eu deveria permanecer, mas o medo de ficar sem abrigo é mais forte do que eu, e por isso, eu fico. Queria não ter que fingir alguns sorrisos, pois é bem mais difícil do que fingir um longo orgasmo. O lugar a qual eu pertenço, me traria os sorrisos mais sinceros, se eu ainda tivesse forças para tentar chegar lá. Mas o medo me fez ficar aqui, levando todos esses tapas na cara. Covardia de ambas as partes. Da minha, por me subjulgar, por me subestimar. Eu, que me conheço tanto, mesmo que ainda me soe como uma incógnita, ninguém me conhece mais do que eu. E você, que poderia estar atrás de coisas muito mais, digamos que... coisas muito mais melhores. Está aqui, me dando tapas na cara.
Acho que no fundo, peguei gosto por isso, e quando você não está, eu peço, imploro. Cada buraco dessa cidade exala o nosso cheiro, cada lugar por onde já passamos. Cada quarto de motel, tem uma lembrança nossa. E tudo faz com que a minha memória fique trêmula diante de tanta burrice, tanto minha, quanto sua. O que afinal, esperamos?
Quando deitar no seu colo já não basta mais. Eu só sei que eu espero o próximo trem, e mesmo que eu não queira, eu preciso partir. Partir pra longe, mesmo que você permaneça no mesmo lugar, com seus sentimentos congelados e suas dúvidas saltitantes. Engula seus medos. Dói menos do que fingir.