quinta-feira, 15 de julho de 2010


Entrei nesse trem com a esperança de que ele me levasse à um belo lugar, acompanhada somente da sua presença.
Rodamos, rodamos, rodamos. Pela janela desse relacionamento, eu vi muitas coisas, e passei por tantas outras. Coisas tão lindas, paisagens admiráveis, pois a maioria das coisas que aconteciam enquanto você estava comigo, eram lindas. Só pelo fato de ter a sua presença. E a sua ausência sempre me doeu. Torci, pra que nunca chegasse a hora de descer em qualquer estação sem rumo, só com a sua ausência.
Torci também pra que o fim se aproximasse como um belo pôr-do-sol e com a sua mão segurando a minha mão.
Mas na minha pequena ingenuidade, eu errei e me enganei. Em algum dia fatídico, eu saberia que alguma de nós duas, teria de descer. E descer sozinha.
Infelizmente fui eu. Porque dentro daquele vagão, onde a gente jamais pensaria ou conseguiria se perder. Eu me perdi. Me perdi de você, e a sua ausência, que doía tanto, se tornou remédio para as minhas outras tantas dores.
A dor se tornou miníma, e me fortaleceu.
Eu sei que quando eu desci daquele trem, o tombo foi grande, e eu achei que nunca mais ia levantar, e que outros trens iriam passar por cima de mim. Mas antes que isso pudesse ou viesse a acontecer, eu levantei. Levantei com os joelhos machucados, com o coração dilacerado, com a mente insana e com um pouco de arrependimento também, que era o que doía mais. Sabendo em si, que eu precisava mesmo me recuperar, apoiei uma mão no chão e fiquei firme, pra conseguir pular e subir, mais uma vez, antes que o trem passasse em cima de mim.
Me senti sozinha naquela plataforma, me senti um lixo por não conseguir mais me manter dentro daquele vagão. Mas a liberdade que eu sentia naquele momento, mesmo com o medo me rodeando, era quase que impagável. Eu sei que o amor era, foi e sempre será importante, mas eu sou um tanto quanto covarde quando esse assunto me assola.
O trem passou, olhei pra trás e te vi triste, chorando. Naquele momento, me senti mais um monstro do que um lixo. Pois nesse tempo todo, eu nunca te vi chorar. Mas eu não pude e não posso fazer nada. Desde quando entramos naquele vagão, eu fui sincera, e a sinceridade é a única coisa que permaneceu aqui, porque o amor que eu sentia, você levou junto contigo.
E hoje, eu dou tchau, pro trem, pro vagão, pra você e pro amor sem destino. E dou também, boas vindas, à essa nova cidade que eu não conhecia.

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