quinta-feira, 4 de março de 2010


E entrou naquele banheiro procurando alguma coisa que pudesse amenizar a dor que sentia.
Não era uma dor física, era uma dor muito maior, uma dor psicológica que a torturava dia após dia.
Abriu o armário à procura de uma lâmina para que pudesse sentir sua pele rasgando enquanto a dor física amenizava a dor psicológica, mas não achou.
Olhou para espelho e já não reconheceu a face que via refletindo através de uma luz baixa em meio a um banheiro sujo e cheiro de coisas podres. Abriu de novo o armário procurando por aqueles comprimidos que a sua mãe comprava de mês em mês, mas o frasco estava vazio, espalhou todas as coisas que estavam dentro do armário, tudo caiu e fez um estardalhaço. Sentiu então um caco de vidro atravessar o seu pé direito, olhou para baixo e viu o sangue jorrando, pensando no alívio que estava por vir, abriu as torneiras da banheira e deixou que tudo ficasse morno, com gosto de vômito.
Acendeu um cigarro, arrancou a roupa e colocou primeiro o pé ensanguentado enquanto olhava a água cristalina se misturar com o seu sangue que cheirava a fracasso.
Quando a banheira já estava semi cheia, ela teve a brilhante idéia de jogar tudo pro alto, submergir e não emergir mais. Nunca mais. Então ficou alí, com os olhos claros arregalados como se tivesse visto um fantasma, ficou alí, com a pele enrugada e branca enquanto seus lábios tinham cor de morte e sabor de perda...

Um comentário:

Reano disse...

Gostei, Priscila. Vou linkar teu blog lá onde posto minhas bobagens.

Beijo.