quarta-feira, 1 de setembro de 2010


Por quanto tempo ainda terei de fingir que aqui é mesmo o meu lugar?
Quantos caminhos eu terei de deixar passar? E quantas oportunidades irei perder? Já vi várias pessoas me dando as costas, e conheci os dois lados da moeda. Ódio, amor, saudade. A despedida é dolorosa quando a gente quer mesmo é entrar no mesmo trem e partir junto. Me despeço fingindo que um dia ele irá voltar, e me despeço fingindo que ainda volto para te encontrar. Esse aqui não é o meu lar. Nem tampouco o lugar onde eu deveria permanecer, mas o medo de ficar sem abrigo é mais forte do que eu, e por isso, eu fico. Queria não ter que fingir alguns sorrisos, pois é bem mais difícil do que fingir um longo orgasmo. O lugar a qual eu pertenço, me traria os sorrisos mais sinceros, se eu ainda tivesse forças para tentar chegar lá. Mas o medo me fez ficar aqui, levando todos esses tapas na cara. Covardia de ambas as partes. Da minha, por me subjulgar, por me subestimar. Eu, que me conheço tanto, mesmo que ainda me soe como uma incógnita, ninguém me conhece mais do que eu. E você, que poderia estar atrás de coisas muito mais, digamos que... coisas muito mais melhores. Está aqui, me dando tapas na cara.
Acho que no fundo, peguei gosto por isso, e quando você não está, eu peço, imploro. Cada buraco dessa cidade exala o nosso cheiro, cada lugar por onde já passamos. Cada quarto de motel, tem uma lembrança nossa. E tudo faz com que a minha memória fique trêmula diante de tanta burrice, tanto minha, quanto sua. O que afinal, esperamos?
Quando deitar no seu colo já não basta mais. Eu só sei que eu espero o próximo trem, e mesmo que eu não queira, eu preciso partir. Partir pra longe, mesmo que você permaneça no mesmo lugar, com seus sentimentos congelados e suas dúvidas saltitantes. Engula seus medos. Dói menos do que fingir.



Um comentário:

Rafael disse...

Cheguei aqui pelo @tipoumovo e me deparei com esse texto muito bem escrito e que só consegue escrever quem viveu. Parabéns.

Duas coisinhas: pretendo linkar esse texto lá no meu blog, dando todos os créditos, óbvio, e tomarei "engula seus medos, doi menos do que fingir" como a máxima do mês (quem sabé do ano?). Pode ser?

Bjos