terça-feira, 22 de junho de 2010


Aceito mais uma xícara de café, acendo um cigarro, pego um lápis qualquer e tento colocar no papel as idéias que não se ajeitam em minha cabeça.
Faz algum tempo que deixei de ser uma pessoa centrada. Rabisco, rabisco, rabisco e só percebo o quanto me faz falta uma boa inspiração. Há algum tempo não pego num livro pra me derramar porque já não sei mais o que é ler com a alma.
Tento parecer mais normal, finjo que sou mais normal, que levo uma vida normal, tenho amigos normais e uma família normal, mas no fundo sei que todos sabem que não somos mais assim.
Existe em mim uma parte apagada feito a cinza do cigarro que cai em cima da folha em que eu tenho tentado por pelo menos 5 minutos, demonstrar os devaneios que passam aqui dentro, feito um turbilhão de expectativas que se esvaem no instante em que eu lembro que sou apenas uma colecionadora de decepções.
E sou! Assim, tão inconstante como a fumaça que sai do meu café e se mistura com a fumaça da chama do meu cigarro semi apagado. E estou me apagando, evaporando com uma frequência bem mais constante do que todos esses pensamentos insanos que eu tenho tido desde que aquela porta foi aberta e que por vontade própria eu fechei sem deixar ninguém mais ocupar o seu lugar, que é tão seu quanto os seus sapatos que ainda estão debaixo da minha cama desarrumada. Me sinto fraca quando lembro das minhas fraquezas, da fraqueza de não conseguir me manter distante por muito tempo, mais fraca que esse café, que tampouco consegue me manter acordada, até que eu acabe com esse cigarro que me faz tanto mal. Mal, mas não mais mal do que essa vida tem me feito.
Acho que os calos do meu coração são bem maiores que os calos da mão de qualquer trabalhador braçal. Os calos da minha mente, são tão grossos que nenhum objeto perfurante conseguiria ultrapassá-los para fazer com que eles mudassem tão de repente. Mas eu também não quero isso. Por hoje só quero terminar de rabiscar o que a minha mente propõe, que é a única coisa que consegue ultrapassar os calos, da mente e do coração.

Nenhum comentário: